quarta-feira, 2 de dezembro de 2009
quinta-feira, 26 de novembro de 2009
JOVENS DO CIAGO SÃO APROVADOS NO VESTIBULAR DA CATÓLICA
Dos 17 jovens do Centro de Internação de Adolescentes Granja das Oliveiras (Ciago), que prestaram vestibular na Universidade Católica de Brasília, no último domingo (22/11), dez foram aprovados. Quatro para o curso de ciência da computação, três para educação física, dois para direito e um para enfermagem.
Essa foi a primeira vez que internos do sistema socioeducativo participaram de um concurso. Na próxima semana, o diretor do Ciago, Paulo Reis, vai solicitar parceria com o pró-reitor de graduação da Católica, José Romualdo Degasperi, no sentido de viabilizar a matrícula, enquanto aguarda o processo da bolsa universitária da Secretaria de Desenvolvimento Social e Transferência de Renda (Sedest).
Os aprovados poderão ir diariamente para a universidade, acompanhados de seguranças, até acabar o período de internação. Tendo em vista seu bom comportamento, também existe a possibilidade de a Defensoria Pública pedir à Justiça a progressão da medida. O interno passaria à semiliberdade, ficando alguns dias em casa e outros no Ciago. O próximo passo seria a liberdade assistida, em que ele volta a morar com a família, mas tem a vida supervisionada por assistentes sociais.
O Ciago é um dos quatro centros públicos de internação no Distrito Federal para crianças e adolescentes condenadas na Justiça a cumprir medidas socioeducativas. Ele é considerado uma espécie de porta de saída do sistema e recebe os internos de melhor comportamento.
quarta-feira, 25 de novembro de 2009
Sistema Socio Educativo do DF, caos distante do SINASE.
REBELIÃO CIAP- INTERNOS SEM OFICINAS TRANCADOS 24HS-
Publicação: 24/11/2009 16:50 Atualização: 24/11/2009 16:50
Os servidores de assistência social do Distrito Federal que integram o Centro de Internação de Adolescentes de Planaltina (Ciap), em greve desde a quarta-feira (18/11), causaram transtornos na tarde desta terça-feira (24/11) após se reunirem para uma manifestação na Câmara Legislativa. De acordo com informações da assessoria de imprensa da Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania (Sejus), os manifestantes deixaram o Ciap com menos de 30% do número mínimo de funcionários necessários para funcionar, o que é ilegal.
A Sejus teve que deslocar 20 funcionários do Centro de Atendimento Juvenil Especializado (Caje) para cobrir a demanda. Ao perceber a manifestação, um dos internos colocou fogo em uma esponja de banho, o que provocou uma grande fumaça no local. O interno foi logo recolhido e o instrumento utilizado para ação apreendido.
Greve
Os funcionários reivindicam reajuste de 103% e o plano de cargos e salários. Na última reunião com a Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania e da Secretaria de Desenvolvimento Social fizeram uma proposta de reajuste de 30%, que não foi aceito. Enquanto isso, apenas os serviços básicos são mantidos no DF.
Segundo a AMAR-DF:"O Estatuto da Criança e do Adolescente precisa sair do papel e funcionar, esses adolescentes tem direito a educação, oficinas e lazer.(Presidente-Marilúcia)
INTERNOS CIAGO FAZEM VESTIBULAR-UCB
Publicação: 20/11/2009 15:27 Atualização: 20/11/2009 15:30
Neste domingo (22/11), 17 internos do Ciago - Centro de Internação de Adolescentes Granja das Oliveiras - que terminaram o segundo grau na própria unidade, farão vestibular na Universidade Católica de Brasília. A inscrição no processo seletivo foi concedida aos internos por meio da parceria da Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania/CIAGO junto à Católica.
Entre a escolha dos adolescentes, o curso de ciências da computação foi o mais disputado, com sete candidatos. Em segundo lugar, a preferência foi para os cursos de direito e educação física, com quatro inscrições, cada. Por último, aparece o curso de administração, escolhido por dois deles.
SEMINÁRIO DA AMAR
Participe do Seminário da AMAR entre os dias 25 e 27/11 em São Paulo.
QUEM PRODUZ O JOVEM EM CONFLITO COM A LEI É O PRÓPRIO SISTEMA
O mestre em políticas sociais e coordenador do Programa Cidadania dos Adolescentes do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Mário Volpi, disse que quem produz o jovem em conflito com a lei é o próprio sistema que não dá conta dele. Segundo Volpi, que é crítico da proposta de redução da maioridade penal, a modificação dessa maioridade vai agravar a prática de delitos por adolescentes. Para o especialista, o delito significa que a família, a escola e as políticas públicas não funcionaram e serve como um grande alerta para a sociedade. “Mas, infelizmente, a visibilidade dos crimes acaba repercutindo em uma injusta responsabilização do adolescente. É como se ele fosse o responsável pela violência”, observa. Atualmente os jovens são submetidos a medidas socioeducativas como prestação de serviço à comunidade, obrigação de reparo ao dano, liberdade assistida, semi-liberdade e internação. A punição varia de seis meses a três anos.
Fonte: Andi
quarta-feira, 21 de outubro de 2009
Adolescentes medicados ilegalmente
Estudo do Conselho Federal de Psicologia mostra que unidades de internação usam psicotrópicos para “controlar” infratores
Um relatório do Conselho Federal de Psicologia mostrou que em pelo menos quatro estados do país medicamentos psicotrópicos são usados como forma de controle de adolescentes que cumprem medidas socioeducativas. Estão na lista o Paraná, Minas Gerais, Piauí e o Rio Grande do Sul. Agora, a Associação Nacional dos Centros de Defesa da Criança e do Adolescente (Anced) está realizando um estudo aprofundado sobre a questão para o Comitê dos Direitos da Criança das Nações Unidas. Os pesquisadores detectaram que no Rio Grande do Sul cerca de 80% dos internos são medicados e que tanto os diagnósticos quanto os medicamentos receitados são idênticos, o que comprovaria o uso abusivo das substâncias por parte das instituições.
O Conselho Federal de Psicologia fez visitas às unidades de cumprimento de medidas socioeducativas em 22 estados há três anos. Entre as principais irregularidades estavam o uso indevido de medicamentos. A Anced decidiu montar um grupo de trabalho para investigar o assunto com mais precisão, já que o relatório não aponta a frequência do uso dos medicamentos nem a quantidade de jovens submetidos a esses procedimentos. O estado piloto é o Rio Grande do Sul, onde informações preliminares fornecidas pelas instituições confirmam a medicalização excessiva. O estudo completo será apresentado em conjunto com outros casos de violações de direitos, como o da menina paraense que ficou presa em uma cela com vários homens.
A Secretaria de Estado da Criança e da Juventude do Paraná refuta as informações do relatório. O relatório do Conselho de Psicologia foi elaborado a partir de uma visita que entidades da sociedade civil fizeram a dois locais no estado. O primeiro foi o Centro de Socioeducação (Cense) São Francisco e o segundo, o antigo Ciaadi, hoje chamado de Cense Curitiba. O relatório aponta casos de medicalização no Cense Curitiba. Mas não especifica quais seriam as substâncias, nem a frequência com que os medicamentos são usados, nem o número de jovens medicados. O coordenador de socioeducação da secretaria, Roberto Bassan, argumenta que todos os procedimentos realizados dentro das instituições têm a supervisão de médicos responsáveis. Depois da prescrição, um educador fica responsável por acompanhar os horários de tomada dos remédios.
Quando há indicação médica de que um jovem precisa de um tratamento específico, seja por problemas relacionados à saúde mental ou por uso de drogas, ele é encaminhado para a rede do Sistema Único de Saúde. Além disso, Bassan afirma que, em grande parte das unidades, também há médicos contratados pelo estado.
Apesar de o Paraná ser apontado no estudo como um dos locais onde ocorre o uso de medicamentos para controle dos jovens, a presidente da Comissão da Criança e do Adolescente da Ordem dos Advogados do Brasil seção Paraná, Márcia Caldas, afirma que o estado está avançando nessa área. Hoje, as unidades socioeducativas paranaenses estão entre as poucas no país de acordo com as novas regras do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Sinase), que preveem, por exemplo, mudança na arquitetura e um número máximo de jovens por instituição.
“Concordamos que o uso da medicação seja feito, desde que recomendado por um médico. Há casos em que isso é necessário. Se ocorrer de forma indiscriminada, é considerado uma violação de direitos”, explica. “O Paraná é um estado de ponta quando se fala em medidas socioeducativas. Ainda há muito pela frente, mas já temos avanços”.
fonte: http://portal.rpc.com.br/gazetadopovo/vidaecidadania/conteudo.phtml?tl=1&id=935698&tit=Adolescentes-sao-medicados-ilegalmente
Exemplo de São Paulo preocupa
Outra situação que preocupa os integrantes da Anced é a criação da Unidade Experimental de Saúde (UES), localizada em São Paulo. O local foi inaugurado há três anos pelo governo do estado com o objetivo de atender adolescentes e jovens com problemas relacionados à saúde mental. Todos os seis rapazes que vivem lá hoje são egressos da Fundação Casa (antiga Febem) e têm mais de 18 anos.
A discussão sobre a UES começou em função de Roberto Aparecido Alves Cardoso, o Champinha. Em 2003 ele assassinou e violentou a estudante Liana Friedenbach, de 16 anos, e participou do sequestro e da morte do namorado da garota, Felipe Caffé, de 19 anos. Na época, Champinha tinha a mesma idade de Liana e, de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente, poderia ficar privado de liberdade por no máximo três anos. Quando esse prazo estava chegando ao limite, o Ministério Público entrou com um recurso para que o jovem permanecesse internado até os 21 anos. Perto da data de saída, o Ministério Público entrou com um pedido de interdição civil para que Champinha não fosse posto em liberdade.
O que a Anced discute é que, com a Reforma Psiquiátrica, a internação compulsória deve ser feita somente em último caso. Hoje, o tratamento para pessoas com problemas de saúde mental deve ser feito na rede pública por meio dos Caps. Os pacientes têm atendimento com psiquiatras, psicólogos e outros especialistas. Somente nas crises ocorre a internação. Para integrantes da Associação, os jovens da UES estão em um limbo jurídico. “Quem está internado fica submetido a uma alta médica. E, no caso desses rapazes, quem decide é o Judiciário. Não podemos prever que alguém cometerá um novo crime. A ciência não faz este tipo de previsão”, diz Fernanda Lavarello, da Anced. (PC)
fonte: http://portal.rpc.com.br/gazetadopovo/vidaecidadania/conteudo.phtml?tl=1&id=935700&tit=Exemplo-de-Sao-Paulo-preocupa
quinta-feira, 17 de setembro de 2009
Carta aberta
A AMAR-DF vem a público compartilhar a experiência que as mães dos adolescentes em cumprimento de medida Socioeducativa de internação no Centro de Internação Granja das Oliveiras (CIAGO) vêm presenciando com a chegada do novo diretor, o Sr. Paulo Reis
O Sr. Paulo Reis é um experiente servidor de carreira do Sistema Socioeducativo do DF e, tendo sido também gerente das medidas socioeducativas anteriormente, vêm demonstrando grande competência na gestão deste Centro.
Apesar do pouco tempo na coordenação do Centro, Paulo Reis já deixou seu recado: mudou substancialmente as linhas de trabalho dentro da unidade, fazendo as trocas de servidores necessárias e fortalecendo as experiências exitosas, a exemplo da manutenção do coordenador de módulo Ricardo Pena que tem demonstrado seu carinho e dedicação aos internos e familiares.
Os adolescentes já transitam na unidade sem algemas; todos são tratados de forma mais respeitosa; os socioeducandos são estimulados a prática de esportes, sendo permitido aos jovens correr no campo do CIAGO. Também se mostra clara a preocupação com a alimentação quando se verifica mudanças até mesmo na maneira de servi-la.
Os familiares têm sido acompanhados de forma acolhedora, respeitosa e sempre há espaço para a escuta e para o diálogo, principalmente diante de reivindicações.
Paulo Reis mostra-se aberto para reconhecer as dificuldades da Instituição, estando sempre disposto a dialogar para revê-las.
A ala utilizada para “castigo” não esta lotada como sempre esteve e os adolescentes hoje são tratados com dignidade e respeito. Sendo ouvidos e respeitados os adolescentes vêm tornado-se protagonistas da sua própria história, ainda que no cumprimento da medida socioeducativa de internação.
Enfim, estamos tranqüilas e alegres por sabermos que a truculência e o descaso estão longe dessa gestão, conduzida por um funcionário público, comprometido com seu trabalho, e com os direitos da criança e do adolescente, tratando-os como prioridade absoluta como prevê nossa legislação.
Fica aqui o nosso apoio e carinho pelo advogado que hoje administra o CIAGO: Obrigada Paulo Reis!
quarta-feira, 16 de setembro de 2009
Sobre o ocorrido no sábado, dia 15/08 o assassinato de um interno, o que causou a morte desse interno, foi devido sem dúvida nenhuma a super lotação, cada quarto tem no mínimo 5 internos, onde só possuem 2 camas em cada quarto, então na verdade, teriam que ter 2 internos em cada quarto, a falta de conforto no estabelecimento é nada mais que um desrespeito ao ser humano. Existem no CAJE várias áreas vazias onde poderiam ser construídos vários módulos com vários quartos, ficando assim melhor distribuído. Eu tenho um filho internado no CAJE há 5 meses, e sei o aperto que ele fica com os colegas de quarto, sem conforto e sem liberdade nenhuma, estou muito preocupada com a segurança dele. Outra solução seria é alguns adolescentes serem transferidos para outro estabelecimento de medida socioeducativa como CIAGO e CIAPI. Afirmo que o adolescente que foi assassinado, se estivesse com 1 colega de quarto somente não teria sido assassinado, por mais que fosse difícil conseguiria se defender e jamais chegar a morte da forma que foi, enforcado com uma blusa de frio, pois foram dois ou três que o segurou e tentou contra a sua vida. Mais uma tentativa de homicídio ocorrida no dia 01/09 um interno maior de idade (18 anos) agrediu outro interno também maior de idade (18 anos) com uma barra de ferro na cabeça. E agora a paralisação dos monitores, agentes de segurança, se com eles estava difícil o controle, e agora sem eles como fica. Várias rebeliões são feitas sem o conhecimento público, de atraso da refeição, super lotação nos quartos, os meninos internos tomam banho em chuveiro de água fria sendo que as meninas internas têm chuveiro de água quente, agressões físicas constantemente a outros internos, os mesmos estão se revoltando a cada dia que passa saírem para o benefício do saidão e não retornam ao estabelecimento, por quê? Ninguém quer voltar ao lugar horrível como aquele, até onde vai tudo isso. Vocês vão esperar acontecer mais o que, para tomar providências, isso é um desrespeito a humanidade. Favor tomar providência urgentemente antes que aconteça outro assassinato naquele estabelecimento. Lembrando que todos ali estão na responsabilidade do estado, para ressocialização. Estando assim facilitando a reiteração dos jovens em conflito com a lei com a sociedade, e também ajudando os monitores na vigilância e para segurança dos mesmos. Aguardo uma posição.
Atenciosamente,
Carla Núbia
terça-feira, 18 de agosto de 2009
Ministério Público Quer Intervenção no CAJE,após 2ª morte em 2009
Para ver a reportagem completa basta acessar o link,abaixo:
http://www.correioweb.com.br/tvbrasilia/index.htm?id=3000
O outro link da reportagem com a TV Globo no DFTV 1ª Edição está no link, abaixo:
http://dftv.globo.com/Jornalismo/DFTV/0,,MUL1269799-10039,00-ADOLESCENTE+MORRE+ASFIXIADO+NO+CAJE.html
segunda-feira, 17 de agosto de 2009
Caje
Leilane Menezes
Publicação: 15/08/2009 18:07 Atualização: 15/08/2009 18:11
Na manhã deste sábado (15/8), o adolescente T.H.C.S., 16 anos, foi enforcado em uma cela do Centro de Atendimento Juvenil Especializado (Caje), ele dividia o local com mais três internos. Um deles, ou os três, seria o responsável pelo crime. Essa era a segunda vez que o jovem estava internado no centro. Na primeira passagem ele foi apreendido por roubo, mas dessa vez, a internação foi motivada por uma tentativa de latrocínio.Segundo informações dos gestores da instituição, o jovem chegou ao quarto onde foi morto há dez dias, transferido de uma unidade de detenção provisória. O caso está com a Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA), que investiga as circunstâncias da morte.Um problema indentificado, ou pelo menos relembrado com o assassintato, é a inadequação do Caje para atender os adolescentes. Enquanto o indicado é que cada unidade de internação juvenil tenha capacidade estrutural para 90 pessoas, o local tem 240 vagas. Outro ponto é a superlotação. Mesmo com a oferta grande de vagas, em um lugar onde cabem 240 estão 302, quantidade 25% supeiror à capacidade física do local. Por conta dessas falhas e da morte do adolescente, a Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania (Sejus), responsável pelo Caje, vai acelerar o processo burocrático para construir mais quatro centros.
quarta-feira, 22 de julho de 2009
NASCE A AMAR NO DISTRITO FEDERAL
A associação nasceu diante do inconformismo dos pais dos adolescentes do Centro de Atendimento Especializado - CAJE com o descumprimento do Estatuto da Criança e Adolescente – ECA. O fato veio à tona após uma rebelião no CAJE, onde alguns adolescentes foram transferidos para o Departamento de Polícia Especializada – DPE, uma unidade prisional para adultos, o que fere completamente o ECA e deixou alguns pais revoltados, pois nessa prisão os adolescentes se encontravam em total condições desumanas, sem escolarização, sem lazer, em celas superlotadas, em condições insalubres de higiene, sem atendimento médico, entre outros.
Os internos transferidos foram escolhidos de forma aleatória, segundo informação prestada pela Direção do CAJE a um pai de interno que teve seu filho transferido para o DPE. Vale ressaltar que esse adolescente não participou da rebelião, pois no dia do fato ocorrido o interno se encontrava em sua residência, de “Saidão”, na companhia de sua família por bom comportamento, no entanto ao retornar para o CAJE ele foi transferido com os demais internos para o DPE. Esse mal uso da autoridade gerou descontentamento por parte dos pais que recorreram a Promotoria de Defesa dos direitos da Criança e adolescente da Vara da Infância e Juventude –VIJ em seguida procuraram a Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa do DF, onde obtiveram total apoio até a total resolução da problemática instalada.
A Princípio o objetivo era apenas trazer de volta para o CAJE os internos alojados no DPE, após quase 60 dias de negociações, os adolescentes retornaram ao CAJE. Mas agora os pais queriam participar ativamente do processo de ressocialização dos seus filhos, queriam ser ouvidos, desejavam ter voz, queriam que os adolescentes fossem ressocializados verdadeiramente. Diante de tantas violações de direitos humanos que se instalava na Instituição, o ECA precisava ser respeitado, cumprido. Os pais começaram a reivindicar a capacitação profissional dos servidores que trabalhavam com esses adolescentes em situação tão peculiar de desenvolvimento. E esse movimento foi crescendo e recebendo apoio de outras Entidades de Defesa do Direito da Criança, Adolescente, de alguns estudantes da Universidade de Brasília – UNB, profissionais liberais, Deputada, assessores parlamentar, Promotores de Justiça, advogado, Defensor público e inclusive de uma funcionária do CAJE que estava com o filho internado na Instituição e que também estava inconformada com o atual Sistema onde ela percebia que não funcionava e não ressocializava ninguém. Há muito tempo ela tinha o desejo arraigado de criar uma Associação de Mães.
Tal movimento coincidiu com a vinda à Brasília de Conceição Paganelle, Presidente da AMAR/SP que mais uma vez veio à cidade receber do governo federal o Prêmio Nacional de Direitos Humanos. Essa orientou o grupo de pais no sentido de se organizarem e legalizarem e criarem a Associação semelhante à de São Paulo.
E assim começaram a se organizar, fizeram diversas reuniões com os demais pais, mães de internos, articularam com Promotores de Justiça, Juiz da VIJ, Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa, fizeram diversas visitas aos adolescentes para levantarem suas reais necessidades, reuniam semanalmente com a Direção do CAJE, tentaram estabelecer um canal aberto com as entidades de atendimento de medidas sócio-educativas a fim de garantir os seus direitos legais de participação familiar, dos adolescentes e da comunidade no processo pedagógico-disciplinar da internação. Essa não foi uma tarefa fácil, pois, houve muita resistência por parte da Instituição, que não aceitava a participação dos pais interferindo no cotidiano Institucional, a direção via essa participação da família como ingerência administrativa. Pois isso implicaria em mudanças, e mudar incomoda dar trabalho aos dirigentes, mexe com a posição de alguns privilegiados. Mas o grupo não parou diante das resistências, foram à luta e a diretoria da AMAR conseguiu junto ao juiz da Vara da Infância e Juventude autorização judicial para ingressarem na unidade sempre que se fizesse necessário. Esse fato é digno de um capítulo inteiro de um livro, pois gerou um descontentamento geral na instituição, a Direção ameaçou pedir demissão, funcionários ameaçaram fazer greve.
Paralelamente a esse movimento, a AMAR e outros Órgãos de Defesa de Direitos da Criança e Adolescente iniciaram um movimento visando o pedido de Intervenção Federal no CAJE, devido à superlotação que se instalava na Unidade que impossibilitava o acesso a escola de maneira satisfatória, sendo que na época mais de 100 adolescentes estavam fora da escola o que comprometia seriamente o caráter sócio-educativo da medida; era uma total falta de respeito à dignidade da pessoa humana e muito evidente o descumprimento de direitos humanos. A Gerencia da Instituição estava sob o comando da Policia Civil e isso precisava ser rediscutido, pois, a Policia Civil é um órgão que se preocupava com a contenção e punição e isso feria o ECA que prevê a reeducação do adolescente. Por esses e diversos outros motivos criou-se uma Comissão Especial e foi elaborado um relatório com o objetivo de “apurar denuncias de grave violação aos direitos humanos e descumprimento do ECA contidas no “Dossiê” CAJE, e foi encaminhado ao CDDPH pelo Fórum de entidades de Defesa dos Direitos da Criança e Adolescente do DF e a AMAR/DF. O relatório sugeria o pedido de intervenção Federal. O pedido foi acatado pelo Supremo Tribunal Federal.
Foi nesse cenário de batalhas travadas judicialmente, de lutas, retaliações, algumas vitorias, alguns fracassos que nasceu em Brasília a AMAR/DF. Tudo isso por que um grupo de mães, pais e amigos dos adolescentes em conflito com a lei e em situação de risco tiveram a coragem de lutar contra a injustiça social e promover direitos básicos, porém, negligenciado. Foi um grupo que ousou sonhar em oferecer dignidade ao adolescente interno, sem voz, sem vez, oprimido. Que já foi penalizado demais pela vida, pela sociedade que os discriminam. Penalizados pelas políticas publica que falharam, e agora querem responsabilizar somente a família por um sistema que é falho, que não ressocializa, onde a família é tão vítima quanto os adolescentes.
A AMAR/DF é composta por sonhadores que não se intimidam e nem se deixam abater pelas circunstancias da vida, pessoas que são protagonistas da história, da sociedade em que vivem e não são meros espectadores que apenas lamentam as suas dores.
Por: Iva Araújo dos Reis (Diretoria da AMAR/DF)
quarta-feira, 8 de julho de 2009
DEZ CONSELHOS PARA OS MILITANTES DA ESQUERDA!!!
Frei Betto
1. Mantenha viva a indignação.
Verifique periodicamente se você é mesmo de esquerda. Adote o critério de Norberto Bobbio: a direita considera a desigualdade social tão natural quanto à diferença entre o dia e a noite. A esquerda encara-a como uma aberração a ser erradicada.
Cuidado: você pode estar contaminado pelo vírus social-democrata, cujos principais sintomas são usar métodos de direita para obter conquistas de esquerda e, em caso de conflito, desagradar aos pequenos para não ficar mal com os grandes.
2. A cabeça pensa onde os pés pisam.
Não dá para ser de esquerda sem "sujar" os sapatos lá onde o povo vive, luta, sofre, alegra-se e celebra suas crenças e vitórias. Teoria sem prática é fazer o jogo da direita.
3. Não se envergonhe de acreditar no socialismo.
O escândalo da Inquisição não faz os cristãos abandonarem os valores e as propostas do Evangelho. Do mesmo modo, o fracasso do socialismo no Leste europeu não deve induzi-lo a descartar o socialismo do horizonte da história humana.
O capitalismo, vigente há 200 anos, fracassou para a maioria da população mundial. Hoje, somos seis bilhões de habitantes. Segundo o Banco Mundial, 2,8 bilhões sobrevivem com menos de US$ 2 por dia. E 1,2 bilhão, com menos de US$ 1 por dia. A globalização da miséria só não é maior graças ao socialismo chinês que, malgrado seus erros, assegura alimentação, saúde e educação a 1,2 bilhões de pessoas.
4. Seja crítico sem perder a autocrítica.
Muitos militantes de esquerda mudam de lado quando começam a catar piolho em cabeça de alfinete. Preteridos do poder, tornam-se amargos e acusam os seus companheiros (as) de erros e vacilações. Como diz Jesus, vêem o cisco do olho do outro, mas não o camelo no próprio olho. Nem se engajam para melhorar as coisas. Ficam como meros espectadores e juízes e, aos poucos, são cooptados pelo sistema.
Autocrítica não é só admitir os próprios erros. É admitir ser criticado pelos (as) companheiros (as).
5. Saiba a diferença entre militante e "militonto".
"Militonto" é aquele que se gaba de estar em tudo, participar de todos os eventos e movimentos, atuar em todas as frentes. Sua linguagem é repleta de chavões e os efeitos de sua ação são superficiais.
O militante aprofunda seus vínculos com o povo, estuda, reflete, medita; qualifica-se numa determinada forma e área de atuação ou atividade, valoriza os vínculos orgânicos e os projetos comunitários.
6. Seja rigoroso na ética da militância.
A esquerda age por princípios. À direita, por interesses. Um militante de esquerda pode perder tudo - a liberdade, o emprego, a vida. Menos a moral. Ao desmoralizar-se, desmoraliza a causa que defende e encarna. Presta um inestimável serviço à direita.
Há pelegos disfarçados de militante de esquerda. É o sujeito que se engaja visando, em primeiro lugar, sua ascensão ao poder. Em nome de uma causa coletiva, busca primeiro seu interesse pessoal.
O verdadeiro militante - como Jesus, Gandhi, Che Guevara - é um servidor, disposto a dar a própria vida para que outros tenham vida. Não se sente humilhado por não estar no poder, ou orgulhoso ao estar. Ele não se confunde com a função que ocupa.
7. Alimente-se na tradição da esquerda.
É preciso oração para cultivar a fé, carinho para nutrir o amor do casal, "voltar às fontes" para manter acesa a mística da militância. Conheça a história da esquerda, leia (auto) biografias, como o "Diário do Che na Bolívia”, e romance como "A Mãe", de Gorki, ou "As Vinhas de Ira", de Steinbeck.
8. Prefira o risco de errar com os pobres a ter a pretensão de acertar sem eles.
Conviver com os pobres não é fácil. Primeiro, há a tendência de idealizá-los. Depois, descobre-se que entre eles há os mesmos vícios encontrados nas demais classes sociais. Eles não são melhores nem piores que os demais seres humanos. A diferença é que são pobres, ou seja, pessoas privadas injusta e involuntariamente dos bens essenciais à vida digna. Por isso, estamos ao lado deles. Por uma questão de justiça.
Um militante de esquerda jamais negocia os direitos dos pobres e sabe aprender com eles.
9. Defenda sempre o oprimido, ainda que aparentemente ele não tenha razão.
São tantos os sofrimentos dos pobres do mundo que não se pode esperar deles atitudes que nem sempre aparecem na vida daqueles que tiveram uma educação refinada.
Em todos os setores da sociedade há corruptos e bandidos. A diferença é que, na elite, a corrupção se faz com a proteção da lei e os bandidos são defendidos por mecanismos econômicos sofisticados, que permitem que um especulador leve uma nação inteira à penúria.
A vida é o dom maior de Deus. A existência da pobreza clama aos céus. Não espere jamais ser compreendido por quem favorece a opressão dos pobres.
10. Faça da oração um antídoto contra a alienação.
Orar é deixar-se questionar pelo Espírito de Deus. Muitas vezes deixamos de rezar para não ouvir o apelo divino que exige a nossa conversão, isto é, a mudança de rumo na vida. Falamos como militantes e vivemos como burgueses, acomodados ou na cômoda posição de juízes de quem luta.
Orar é permitir que Deus subverta a nossa existência, ensinando-nos a amar assim como Jesus amava, libertadoramente.
quarta-feira, 24 de junho de 2009
RELATO DE UMA MÃE QUE TEVE SEU FILHO INSERIDO NO PROCESSO SOCIOEDUCATIVO! IVA- DIRETORIA AMAR/DF.
Trabalhava no CAJE – Centro de Atendimento Juvenil Especializado fazia cinco anos e sempre procurei pautar o meu trabalho baseado no cumprimento do meu dever profissional e no respeito aos adolescentes aos seus familiares, não saberia dizer exatamente o porquê, mas sempre acreditei que não estava trabalhando ali por acaso e que Deus havia reservado uma missão específica para mim naquele lugar. Muito embora ainda não soubesse o que Deus queria exatamente de mim. Comecei a compreender essa missão numa tarde de quarta feira em que estava de plantão e o telefone tocou, era da DCA. Delegacia da criança e adolescente. Disseram que o meu filho estava preso e que eu precisava comparecer urgentemente à Delegacia. Foi muito difícil pra eu ter que ir a ali dessa vez na condição de mãe do adolescente infrator, e depara-me com aquela cena tão cotidiana do meu trabalho. Mas dessa vez tão chocante, pois se tratava do MEU FILHO! Ele estava algemado, triste e cabisbaixo. Eu estava acostumada ver aquela cena quase que diariamente, mas não com o meu filho! Faltou-me terra firme nos meus pés, o meu mundo parecia está desabando, embora soubesse que necessitava ser forte naquele momento foi impossível conter as lágrimas e o choro. Veio à tona o sentimento de culpa e a indagação onde foi que eu errei?
Estava casada a mais de 20 anos, na época, e embora soubesse dos valores morais a cerca da honestidade, da dignidade que sempre norteou a vida da nossa família e da formação moral e religiosa que sempre procurei passar a cada um dos meus filhos, naquele momento era como se tudo isso houvesse falhado, senti-me incapaz de continuar trabalhando no CAJE, a sensação era de total impotência. Pois me indagava: se não dei conta de cuidar do meu próprio filho, como vou ser capaz de fazer algo por esses adolescentes? Foi esse o primeiro pensamento que me veio à cabeça. Sentimento esse mais tarde compartilhado com o meu chefe que me deu muita força naquele momento difícil e crucial. Falei com ele das minhas dúvidas, medos e incertezas, disse-lhe que não tinha mais condições psicológicas e moral de continuar trabalhando naquele lugar. Pedi a minha transferência, ou então que ele me colocasse a disposição da Secretaria a qual sou vinculada, pois eu não me sentia capaz de trabalhar ali. Mas o meu chefe me interrompeu e dizendo: “Que você não tenha condições psicológicas para trabalhar aqui eu até compreendo, mas dizer que não tem condições moral não aceito isso! Todos nós aqui te conhecemos e sabemos que se o seu filho veio parar aqui não é culpa sua!”
Essa foi a primeira das cinco passagens dele pela instituição. Depois que ele saiu de lá procurei ajuda profissional, governamental em vão em todos os lugares que se possa imaginar, mas não obtive êxito, pois os processos eram lentos e burocráticos. Enquanto isso ele continuava sua escalada no cometimento de atos infracionais, fazia as piores besteiras em nome da droga e do grupo no qual estava inserido. Até que finalmente recebeu uma internação por prazo indeterminado. Ele ficou um ano e sete meses internado no CAJE. Foram os dias mais terríveis e difíceis de toda a minha vida. E eu que já estava vivenciando um processo depressivo e de estrees relacionado ao trabalho, cai numa profunda depressão e angustia. Pois sendo eu conhecedora das rebeliões que aconteciam no CAJE, dos constantes casos de mortes naquela época, dos suicídios que acontecia naquele lugar, entre outros detalhes, eu passava as noites pensando em como ele estaria naquele momento? Será que estava com frio? Será que estava sendo ameaçado por outros adolescentes? Eram inúmeras perguntas sem respostas. Os médicos vendo todo o meu sofrimento decidiram por me afastar do CAJE, primeiro com longos períodos de licenças médicas e depois me afastaram definitivamente me transferindo para outra unidade. Mesmo assim eu continuava passando noites sem dormir, e o pouco que conseguia dormir tinha pesadelos terríveis, outras vezes acordava no meio da noite chorando pensando nele, todas as noites antes de dormir eu pedia a Deus que o meu filho amanhecesse vivo no dia seguinte. Havia alguns dias que queria fugir daquela realidade tomava altas doses de tranqüilizantes para dormir, às vezes exagerava na dose o que resultava na minha internação hospitalar. Tentei contra minha própria vida, foram ao todo seis tentativas de suicídio, tamanho era o meu desespero emocional.
A essa altura já não tinha mais a visão da funcionária que estava ali somente para cumprir seu horário de trabalho sem querer se envolver nas causas sociais ou nas chateações que uma tentativa de mudança no paradigma institucional poderia acarretar. Agora eu era a mãe, que enxergava além dos muros da instituição, era a usuária do serviço, e como toda cidadã que pagava impostos queria falar da minha insatisfação com um sistema, que a meu ver não estava ressocializando ninguém. Eu havia prometido a mim mesma que meu filho sairia dali ressocializado, sendo alguém melhor para ele mesmo e para a sociedade, algo precisaria ser mudado!
Percebi uma necessidade enorme na capacitação de alguns servidores, que embora não fossem culpados por um sistema deficiente, tinham uma visão limitada, como eu já havia tido um dia. Eu achava que os adolescentes do CAJE tinham boa vida, pois tinham escola, psicólogo, dentista, médico, piscina, cinco refeições diária. Mas de repente percebi que tudo aquilo funcionava de maneira muito precária e não conseguia atender a todos de maneira satisfatória.
Eu já conseguia ver a problemática que vai além do saber profissional. Mas parecia que o fato de ser funcionária da instituição, pesava mais em mim do que em qualquer outra mãe de interno. Todas as vezes que demonstrava a minha insatisfação isso era visto como uma afronta institucional e era encaminhado um relatório de ocorrência meu a Vara da Infância e Juventude – VIJ. Era como se eu estivesse sentenciada junto com meu filho, às vezes tinha a impressão que pelo fato de eu ser conhecedora das dificuldades que a instituição passava algumas pessoas achavam que eu tinha a obrigação de compreender e aceitar passivamente as falhas de um sistema que era precário no seu funcionamento, que não ressocializava ninguém, e não precisava ser nenhuma especialista para saber disso, mas alguns pareciam querer tampar o sol com a peneira, fingir que nada disso existia, aceitar tudo como estava. Inclusive eu enquanto somente servidora também já havia adotado essa postura um dia.
Mas como mãe sentir o desejo que tudo fosse diferente, eu não poderia mais me calar, omitir. E essa foi a postura que adotei no segundo momento, quando resolvi ir à luta e não ficar somente lamentando e chorando as minhas dores. O meu filho e mais ou menos 100 adolescentes da instituição não estudavam naquela época, tinha seus direitos mais básicos negligenciado por diversos fatores que se instalavam na instituição, entre eles a superlotação. Tudo que eu mais desejava era cumprimento efetivo do Estatuto da Criança e adolescente - ECA. Parecia simples, mas não era.
Troquei a vergonha inicial que me paralisava pelo desejo de ao menos sonhar com CAJE melhor e mais digno para todos, sabia que meu filho não iria usufruir dele, tinha consciência que esse é um processo lento e gradativo que somente as gerações futuras iriam usufruir, mas entendi que algo precisaria ser feito. Logo descobrir o poder da sociedade civil organizada, juntei-me com outras mães, pais, estudantes universitários, profissionais liberais, uma advogada, promotores da VIJ que nos apoiaram parlamentares entre outros profissionais que doaram seu tempo e disposição e assim nasceu em Brasília, a Associação de Mães e Amigos dos Adolescentes em situação de Risco – AMAR/DF. E juntamente com outros Órgãos de Defesa e Proteção à criança e ao adolescente começamos nos unir para tentarmos mudar o rumo da história daquela instituição.
Reuníamos semanalmente com a direção do CAJE, levávamos sugestões de mudanças, reclamações dos adolescentes e familiares, reuníamos com o Ministério publico, com o Juiz da Vara da Infância e Juventude, Defensoria, fizemos inúmeras articulações com outros órgãos de defesa do direito da criança e adolescentes. Uma das maiores vitórias, enquanto Associação, enquanto Associação foi entregarmos, conjuntamente com o Fórum de entidades de Defesa dos Direitos da Criança e Adolescente do DF e a AMAR o Dossiê CAJE ao Secretario do conselho de Defesa dos Direitos de Defesa da Pessoa humana (CDDPH). A partir da entrega desse relatório foi instaurada uma Comissão Especial, na qual em nome da AMAR fui a representante das mães dos adolescentes na comissão inicial que resultou no pedido intervenção Federal no CAJE.
Ousaria a dizer que o CAJE nunca mais foi o mesmo, sei que ainda está longe do modelo ideal, mas muita coisa mudou de lá pra cá.
A minha visão também mudou bastante, ampliei meu modo limitado de ver a vida e o meu trabalho, pois fui obrigada a aprender a luz da experiência e da dor. Uma mudança interior iniciou na minha vida e na vida da minha família. Precisei passar por várias terapias de ajuda, até compreender o processo que se passava dentro de mim, conseguir captar o processo de mudança interna, depois de longos anos de terapia e tratamento médico hoje é impossível ver tudo isso com indiferença, tenho uma visão mais ampliada, pois conheço a dor e o de sabor de ter um filho internado numa instituição de internação. Conheci de perto e pude vivenciar a triste e às vezes solitária peregrinação de acompanhar passo a passo cada etapa do cumprimento de uma medida sócio educativa que de certa forma nós mães e alguns poucos pais também somos penalizados. Vivi todas as suas conseqüências.
E para eu que sou funcionária da instituição foi ainda mais danoso, pois estive a beira de uma sindicância administrativa por que alguém achou que eu estava cobrando demais, incomodando demais por que ousei a sonhar e lutar pela mudança. Mas graças a Deus não puderam seguir em frente com a tal sindicância, pois a comissão de sindicância entendeu que: “DENUNCIAR VIOLAÇÃO DE DIREITOS HUMANOS É DEVER DE TODO SERVIDOR PÚBLICO”. Esse foi o texto final da comissão que deu por arquivado o processo de sindicância.
Recordo-me que certa vez conversando com um psicólogo que atendia meu filho na instituição ele disse: “Você ainda vai agradecer muito a Deus por tudo isso que está acontecendo.” Naquele dia, eu ainda não havia compreendido a dimensão do aprender à luz da experiência e discordei veementemente do que ele havia falado. E disse que Jamais poderia agradecer a Deus por algo tão ruim e traumatizante que estava acontecendo na minha vida e na de toda minha família! Hoje olhando para trás, vendo tudo que aprendi nessa escalada profissional e pessoal e para o aprendizado que veio com todo esse sofrimento, já consigo agradecer imensamente a Deus por ter permitido que tudo isso tenha acontecido para minha evolução como ser humano, pois passar por tudo isso certamente me fez um ser humano melhor, agradeço a Deus por me proporcionar a chance de como profissional viver os dois lados da moeda, como mãe de interno e como funcionária, isso me deu uma base e uma experiência profissional que mesmo em 30 anos de trabalho não conseguiria entender certos processos e situações que só compreendi quando vivenciei e sentir a dor na própria pele.
Agradeço a Deus por ter feito do meu filho instrumento para unir nossa família, que já estava aos poucos se desestruturando. Hoje o meu filho se encontra junto ao Senhor, mas tenho certeza que um dia nos encontraremos na eternidade. Alguns meses antes do seu falecimento ele estava freqüentando uma igreja evangélica e tenho certeza absoluta que morreu na presença do Senhor Jesus e ainda foi instrumento para levar toda a família até Deus, além de outros milhares de pessoas que leram uma carta que ele me escreveu uma semana antes do seu falecimento. Essa carta circula em várias igrejas e encontros para jovens. De certa maneira ele conseguiu colocar final feliz nessa história triste.
terça-feira, 23 de junho de 2009
Redução da maioridade penal ? Desembargador Edson Smaniotto.
PUBLICADO NO SITE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITORIOS. www.tjdft.jus.br
MAIORIDADE CIVIL E PENAL!!!
Por maioria dos votos, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) negou Habeas Corpus (HC 97539) impetrado pela Defensoria Pública do estado do Rio de Janeiro que pretendia extinguir a medida socioeducativa de semiliberdade imposta a um menor, à época da infração. Atualmente, ao ter completado 18 anos, ele atingiu a maioridade civil e penal.
De acordo com a decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), questionada no HC, o ministro Carlos Ayres Britto (relator) afirmou que para a aplicação das medidas socioeducativas, previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), “leva-se em consideração apenas a idade do menor ao tempo do fato, sendo irrelevante a circunstância de atingir, o adolescente, a maioridade civil ou penal durante o seu cumprimento”. Ele completou ressaltando que a execução da medida pode ocorrer até que o autor do ato infracional complete 21 anos.
Ao final, salientou que o fundamento da decisão é a prevalência da legislação especial (ECA) sobre a legislação comum (Código Civil). Por essas razões, o relator negou o pedido de habeas corpus, sendo seguido pela maioria dos votos. Vencido o ministro Marco Aurélio, ao entender que o limite para aplicação atual do ECA são os 18 anos de idade.
EXPLORAÇÃO SEXUAL!!! MENINAS ABANDONAM A ESCOLA E A FAMÍLIA PARA SE PROSTITUIR NAS RODOVIAS!
A cada três dias, em média, patrulheiros resgatam uma criança ou adolescente em situação de risco em trechos de rodovias federais que cortam o DF e o Entorno. São meninos e meninas de até 10 anos, expostos a todo tipo de exploração. A maioria fica à beira de uma BR para oferecer o corpo em troca de míseros reais. Somente no ano passado, 124 acabaram flagrados à margem da estrada, dentro de carro, boleia de caminhão, motel ou prostíbulo.
A exploração de crianças e adolescentes está concentrada nos trechos das BRs 040 (Brasília-Rio de Janeiro), 060 (Brasília-Goiânia) e 070 (Brasília-Pirenópolis) que passam pelos municípios goianos de Abadiânia, Águas Lindas, Anápolis, Luziânia e Valparaíso. Duas equipes do Correio percorreram a rota da prostituição infantil (veja mapa) na semana passada e flagraram meninas se exibindo a motoristas e entrando acompanhadas de adultos em veículos e casas noturnas.
Os repórteres também presenciaram a ação de integrantes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e da Vara da Infância e da Juventude nos arredores de Anápolis, onde o cruzamento de três BRs tornou-se um atrativo à construção de motéis e bordéis e à conseqüente concentração de meninas prostitutas. O combate conjunto e constante resultou em 26 flagrantes e no resgate de 31 crianças e adolescentes somente naquela região, desde janeiro do ano passado.
Já no Entorno Sul, em cidades goianas limítrofes do DF, como Valparaíso e Novo Gama, policiais rodoviários encontraram 92 meninos e meninas em situação de exploração sexual durante sete operações realizadas em 2008. A maioria das vítimas usa como pretexto, pedidos de carona aos motoristas. Identificados pelos patrulheiros, são encaminhadas aos conselhos tutelares das cidades mais próximas. Mas boa parte sequer tem documento de identidade.
Realidade ainda pior
O levantamento dos flagrantes e pontos críticos, feito com base em dados das delegacias da PRF em Goiás e no DF, dá uma pequena dimensão da realidade de jovens moradores da periferia das cidades vizinhas à capital da República. As autoridades admitem que os números são bem maiores, pois o pequeno contingente da PRF, a falta de entrosamento com órgãos do Judiciário e a forte organização de uma rede criminosa que fatura alto com a prostituição infantil impedem o combate mais eficaz.
Para a secretária executiva do Comitê Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual contra Criança e Adolescente, Neide Castanha, o número de meninas encaminhadas pela PRF aos conselhos tutelares goianos é alarmante. “Os dados são surpreendentes e assustadores. Até porque o número que aparece é sempre menor que a realidade. Temos bordel a céu aberto”, afirma. “A rodovia é perfeita para a exploração porque é propícia à clandestinidade e está mais distante dos olhares das autoridades”, alerta. Em todo o estado de Goiás, a PRF flagrou 169 crianças e adolescentes em provável condição de prostituição nos trechos das rodovias federais que cortam o estado, de janeiro de 2008 a abril de 2009. Mais da metade das vítimas de exploração tinha entre 15 e 17 anos. Dos 119 meninos e meninas flagrados na prostituição em Goiás no ano passado, 28 — 23,5% — tinham 11 anos.
Em 30 de março, por exemplo, cinco adolescentes foram apreendidos pela PRF em situação de risco em menos de 24 horas. Quatro casos ocorreram na BR-060, perto de Anápolis. No Km 080, uma menina de 13 anos e um homem de 30 comprava bebidas para levar a uma fazenda. A 16 km dali, foram apreendidos dois meninos, de 8 e 10 anos, que viajavam em um caminhão e alegaram que o motorista seria o pai. Os patrulheiros descobriram que as crianças não tinham parentesco com o homem e seriam levadas para trabalhar em outra cidade goiana.
Juiz vestido de fiscal
Na região de Anápolis, a 160 km de Brasília, policiais rodoviários e comissários da infância se encontram a cada 15 dias para uma blitz em motéis, bares e bordéis à beira das três rodovias que cruzam a cidade de 320 mil habitantes (BR-060, BR-414, BR-153). As operações em conjunto começaram em 2006. “Na época, era só irmos à estrada para fazer flagrantes. Eram vários por dia. Com o passar do tempo, eles foram diminuindo. Daremos-nos por satisfeitos quando não encontrarmos nenhuma menina em situação de risco”, comentou o juiz Carlos Limongi, da Vara da Infância e da Juventude de Anápolis.
Pai de uma menina de três anos e um menino de 10, o magistrado participa de muitas operações. Quando isso ocorre, em vez do terno e da gravata, veste o colete preto e se mistura aos comissários para dar respaldo à fiscalização. “Gosto de ir junto para apoiá-los e identificar alguma falha”, explica Limongi. A participação dele é elogiada pelos patrulheiros. “É um juiz presente e atuante. Quando precisamos, ele emite logo mandados de busca e apreensão, por exemplo. Isso facilita e respalda nossas ações”, observou o inspetor Júlio César Ferreira, chefe da delegacia da PRF em Anápolis.
Essas operações também são acompanhadas por representantes do Centro de Referência Especializada em Assistência Social (Creas), do governo federal. “É um trabalho árduo, mas que tem dado resultado. Hoje, somos bem recebidos pelos donos de motéis, que têm seguido a orientação de pedir a identidade de todos os clientes”, destaca Andréa Lins, socióloga do Creas em Anápolis.
Andréa, no entanto, não se esquece de cada caso de violência sexual que presenciou. O pior, segundo ela, envolveu uma menina de 12 anos, flagrada no motel mais caro da cidade, à margem da BR-060, com um homem com mais de 40 anos e casado. “E ela era amiguinha da filha dele”, ressalta.
quarta-feira, 10 de junho de 2009
01 Titulo do projeto
O PROTAGONISMO DAS MÃES NO COMBATE A VIOLÊNCIA INSTITUCIO-
NAL NAS UNIDADES DE INTERNAÇÃO
2) O seu projeto é individual ou institucional?
Projeto Institucional.
3) Qual é o nome e a missão da sua organização?
Nome: Associação de Mães e Amigos de Criança e Adolescente em risco
Missão: Garantir e ampliar a participação da comunidade e de familiares de adolescentes no processo de cumprimento de medidas sócio-educativas como forma de controle social e combate a violência institucional dentro da unidade de internação, fazendo cumprir as determinações do Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA, aumentando as chances de reinserção do jovem na sociedade e diminuindo as taxas de reincidência.
Falar de cidadania é bastante complexo, pois abrange direitos e deveres.
Sendo assim, a cidadania nos mostra como esse valor esta sempre em construção sempre se renovando. Se analisarmos desde os tempos passados vamos notar que há uma mudança significativamente e,que essa foi uma jornada árdua e que nem sempre alcançando êxito, mas que caminhou lado a lado com as lutas desde a colonização até os nossos dias atuais.
O exercício da cidadania esta ligado diretamente na atuação e participação em direitos e deveres, como também em ter os mesmos, sendo eles direito civis sociais e políticos. Uma vez que, a luta da sociedade desde a colonização foi em busca desses objetivos e, para que isso acontecesse esforços não foram medidos de forma alguma, já que aqueles que derramaram lágrimas e sangue, deixando sonhos durante o percurso de suas lutas não foram esquecidos por completo, mas relembrados ao falar de cidadania. A cidadania que vivemos hoje é fruto de lutas, conquistas e perdas. E uma conquista que retrata bem o progresso de cidadania é a constituição brasileira, pois a mesma vem de um processo onde nem mesmo as mulheres e negros tinha suas participações ativas na vida social e política. A constituição Brasileira fala muito bem do cumprimento de uma cidadania plena, contudo ainda é necessário ações de fato. Porém é preciso ressaltar que muito já foi feito, pois existe um resgate, de certa forma, de Cidadãos Brasileiros vitimas da impessoalidade.
Muitas vezes a sociedade civil tem estado em uma posição estática ao seu papel de atuação política e social; Pois isso também reflete em cidadania plena; quando na verdade o que tem sido percebido é uma mera participação da sociedade em alguns acontecimentos sociais.
Acredito que participar do exercício político, civil e social tem que ser analisado como dever, e não apenas como direito; pois somente dessa forma é que a sociedade civil alcançara a cidadania plena.
Afinal, o que temos visto são posturas de governantes engabelando a sociedade, declarando que obras de urbanização, infra-estrutura, educação, rodovias duplicadas, viadutos, BR 0K e demais melhorias é cidadania. Não que não seja só que isso não abrange nem o inicio do que de fato é cidadania.
Ciago tem novo Diretor
(02/03/2010 - 17:15)
O Centro de Internação de Adolescentes Granja das Oliveiras (Ciago), sistema socioeducativo da Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania (Sejus), tem novo diretor. Aldi Roldão, mestre em psicologia, servidor de carreira da Policia Civil e presidente do Conselho de Política sobre Drogas do Distrito Federal (Conen) foi nomeado, nesta terça-feira (02/03), para coordenar o Ciago, na transição de formação dos novos quadros de servidores. A Sejus espera dar posse aos novos servidores até o mês de julho.
Aldi Roldão, desde agosto de 2009, apoiava na área de combate às drogas e ao fumo os Centros de Ressocialização do DF (Caje I e II, Ciap e Ciago), como presidente do Conen. Ele também é colaborador de grupos de Alcoólicos Anônimos e de Amor-Exigente – um movimento de apoio às famílias de dependentes químicos e tem o título de amigo do Al-Anon - grupo de ajuda mútua para familiares de alcoólicos. Com 38 anos, casado e pai de três filhos, Aldi Roldão tem vasta experiência como assessor de Comunidades Terapêuticas (Tratamento de Dependentes Químicos). Roldão também participou e organizou o Programa de Recuperação de Dependentes Químicos da Polícia Militar e da Polícia Civil do Distrito Federal.
SEJUS DF
Presidente Nacional da AMAR - Conceição Paganelli
terça-feira, 9 de junho de 2009
sexta-feira, 3 de abril de 2009
Associação AMAR inicia trabalho em Brasília
A Associação de Mães e Amigos da Criança e Adolescente em Risco – AMAR nos últimos anos tem sido um trabalho de fundamental importância atuando nos direitos da criança e do adolescente. A Amar foi constituída em 10 de abril de 1999, sendo uma associação sem fins lucrativos, com sede na cidade de São Paulo, e expandindo-se para Brasília e demais estados, regida pelo Estatuto da AMAR e pelas demais disposições legais.
A AMAR constitui-se em um grupo de mães e familiares de adolescentes inseridos em medidas sócio-educativas ou em situação pessoal ou social de risco, além de simpatizantes com a causa. Tem como objetivo principal ampliar e garantir a participação de familiares e da comunidade no processo sócio-educativo e na ressocialização dos internos e jovens liberados das unidades de internação.
Esta atuação vai diretamente de encontro com o que propõe o Estatuto da Criança e do Adolescente e nossa Constituição Federal de 1988, os quais prevêem uma atuação conjunta do Estado (Governos Federal, Estadual e Municipal), da sociedade e demais entes envolvidos no atendimento aos direitos das crianças e adolescentes.
Para tanto, a AMAR desenvolve um programa de orientação e auxílio às famílias destes jovens e aos próprios adolescentes que cumprem medidas sócio educativas ou que de qualquer forma necessitem deste apoio para deixarem a "situação de risco" em que se encontram. Tal tipo de medida está prevista especificamente no ECA em seu artigo 101, inciso IV.
Além disso, a AMAR oferece ainda, apoio psicológico e orientação a familiares de adolescentes em cumprimento de medida sócio-educativa, e apoio jurídico, por meio de parcerias, às famílias e adolescentes internos.





